Quem assume o legado político de Jair Bolsonaro? Essa é a pergunta que tem sido repetida em todo tipo de debate e editoriais especulativos, mas a resposta parece óbvia: o próprio Bolsonaro. Apesar do cenário jurídico adverso — pra não dizer o mínimo —, com indiciamentos e processos em curso, o ex-presidente permanece como figura central no cenário político brasileiro e como candidato natural da direita para 2026.
Até o momento, Bolsonaro é réu em quatro indiciamentos que serão relatados no STF pelo Ministro Alexandre de Moraes: o “golpe imaginário”, as supostas adulterações em cartões de vacina, o caso das joias e uma suposta espionagem. A Procuradoria-Geral da República, sob comando de Paulo Gonê, tem a prerrogativa de oferecer denúncia nos processos em que o ex-presidente é investigado, mas a imparcialidade do PGR é na verdade o objeto de sérios questionamentos que apontam na direção de um possível conflito de interesses.
Nomeado fora da tradicional lista tríplice, Gonê possui relações próximas com figuras diretamente empenhadas em garantir a inviabilidade política de Bolsonaro, como o presidente Lula, que o escolheu para o cargo, e o ministro do STF, Gilmar Mendes, de quem Gonê já foi sócio. Tais ligações lançam dúvidas sobre a autonomia da PGR, principalmente quando o responsável pelo parecer que tornou Bolsonaro inelegível no TSE, foi o atual Procurador Geral.
Esse contexto complexo reforça a percepção do tamanho do aparato jurídico que está sendo instrumentalizado para fins políticos, provocando sérios receios sobre a independência das instituições. Essas suspeições enfraquecem a confiança da população na transparência da independência entre os poderes, e colocam em xeque o equilíbrio democrático no Brasil.
Enquanto a imprensa continua produzindo narrativas chanceladas pelo Ministro Alexandre de Moraes, o ex-presidente se mantém como o principal nome da oposição e como a figura que pode voltar ao Planalto em 2026. No fim das contas, o “golpe imaginário” parece ter fortalecido o verdadeiro legado de Bolsonaro: a resiliência de sua base política e seu favoritismo eleitoral.
Por Thiago Reis