Vivemos tempos sombrios no país, tempos de inversão total de valores, quando aqueles que deveriam resguardar o Estado Democrático de Direito se empenham em desmanchar, peça por peça, as conquistas alcançadas pela maior operação contra a corrupção que o Brasil já viu.
Na semana passada, mais um capítulo dessa tragicomédia nacional se desenrolou: Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal, sentiu-se no direito de desfazer numa só canetada, as condenações de José Dirceu no âmbito da Operação Lava Jato. Dirceu, uma das figuras centrais de um esquema de corrupção que devastou cofres públicos, agora emerge “descondenado”, sem manchas formais no currículo.
O STF, o mesmo tribunal que endossou os métodos e resultados da Lava Jato por anos, dedica-se agora a transformar os escombros da operação em ruínas irrecuperáveis. O ativismo político dos Ministros da Suprema Corte, vem tornando os métodos descartáveis, e os juízos, mutáveis conforme as conveniências de cada iluminado.
Assim, a justiça brasileira desmorona, enquanto os “civilizados” que apoiaram o PT em 2022, aqueles de boas maneiras e retórica emoldurada, continuam a apontar essa mesma quadrilha como o remédio democrático do país para 2026, e Zé Dirceu, ex-líder condenado, deixa de ser um símbolo de corrupção, para virar, pelo menos para alguns, uma alegoria do sistema democrático.
Estamos vivendo em uma era de distorções, onde a farsa prevalece como verdade, e a fraude é confundida com justiça. E infelizmente para nós, os “democratas” de terno impecável e linguagem empolada , os bem pensantes das redações e os ditos “representantes do povo”, insistem que Sergipe e outros rincões do país vivem fora do alcance da juristocracia que abocanha nosso país. Iludem-se.
A verdade é que, no Brasil de hoje, a inversão de valores tornou-se o alicerce da ordem, e o cidadão comum, aquele que ainda acredita em justiça, observa, perplexo, a supremacia de uma casta blindada e desconectada de qualquer princípio de ordem jurídica ou senso comum, dedicando-se a reescreve a história ao sabor de interesses imorais.
Por Thiago Reis