Enquanto o governo federal faz malabarismo para desviar o foco do crescente rombo fiscal que corrói as contas públicas, puxando o coro pelo fim da jornada de trabalho 6×1 como se fosse a salvação da lavoura, a realidade é bem diferente: a economia do país está indo para o buraco, e ninguém quer falar sobre o assunto. E vamos combinar, não dá para ignorar a esperteza dessa jogada.
É impressionante como o discurso da esquerda moderna no Brasil insiste em se descolar da realidade do trabalhador. Falam sobre inclusão, diversidade, direitos disso e daquilo – temas importantes, sem dúvida –, mas cadê a discussão sobre o que realmente mexe no bolso da galera? Onde estão as políticas públicas capazes de promover o aumento da renda da população por meio da geração de empregos?
Ao invés de encarar os desafios econômicos através de um efetivo corte de gastos e redução da carga tributária, os demagogos de plantão no Congresso Nacional preferem promover pautas que soam bem nos ouvidos de quem continua vivendo numa bolha, enquanto o trabalhador segue tendo que lidar com uma inflação galopante, o setor produtivo sente o peso das incertezas jurídicas e fiscais semeadas pelo Governo.
Querem nos convencer de que a eliminação da jornada 6×1 é um grande avanço, mas, convenhamos, qual a lógica de reformar o regime de trabalho se não há segurança de emprego, se o mercado está encolhendo e se o Governo empurra o país cada vez corrói na direção de uma nova recessão? É como trocar os móveis enquanto a casa está pegando fogo. E quem sai prejudicado? Mais uma vez, o trabalhador, aquele mesmo que foi ignorado nas discussões fundamentais, agora é convidado a celebrar um benefício questionável enquanto vê seu poder de compra evaporar.
Enquanto isso, quem está no comando da economia do país parece viver num mundo paralelo, onde as medidas de “austeridade” ficam restritas a discursos vazios, a população sofre as consequências do caos econômico que tomou conta do país. Aumentam gastos públicos, incham a máquina do Estado e não apresentam planos efetivos para gerar crescimento econômico real.
Esse papo de “defesa da classe trabalhadora” perdeu o sentido quando o trabalhador passou a enxergar o sistema de dentro pra fora. O foco se desviou tanto que até o vocabulário da dita “esquerda” mudou: defender “trabalho” virou coisa do passado. Agora, é só sobre “democracia”, “diversidade” e todo um repertório progressista que, se tirado do contexto, serve para calar críticas feitas contra o sistema. E aí, a gente se pergunta: estão mesmo preocupados com os trabalhadores, ou toda essa discussão não passa de uma encenação dissimulada?
A verdade é que discutir o fim da jornada 6×1 sem falar da saúde da economia das contas públicas e das medidas desastrosas que nos empurram para uma recessão, é puro cinismo. Não dá para maquiar uma crise econômica utilizando a pauta de direitos trabalhistas solta no ar.
Por Thiago Reis