No cenário político sergipano, há questões que todo mundo conhece, mas poucos ousam trazer à tona. É tipo aquela história do “marido traído”, que mesmo sendo o último a saber, insiste em não acreditar. Ninguém quer pagar o preço de expor certas “feridas”, ainda que todos saibam que governador Fábio Mitidieri e o ex-deputado André Moura compartilham uma vulnerabilidade crônica.
São as duas maiores lideranças do atual cenário político sergipano? Sem dúvida. Basta olhar os resultados das últimas eleições, onde seus partidos, PSD e União Brasil, dividiram o comando da maioria dos municípios sergipanos. Mas tamanha força esconde uma fragilidade que ninguém ousa discutir abertamente.
O paradoxo é que, enquanto ostentam protagonismo, ambos sofrem com aliados que mais atrapalham que ajudam. São os tais “encostos” – aqueles que se aproveitam da sombra do poder para gerar conflitos e desgastes, enquanto fingem lealdade. Desde 2018, André enfrenta obstáculos criados por figuras que se infiltram em sua base, agindo como “parceiros” em público, mas minando sua trajetória nos bastidores. Mitidieri, por sua vez, lida com o mesmo problema desde que assumiu o Governo do Estado.
Daí que me pergunto: será que diante de tamanha experiência, André e Mitidieri não são capazes de enxergar tal situação? Há quem diga que preferem ignorar ou que simplesmente não percebem a extensão dos danos. Por essa razão, não é surpresa que o assunto seja cochichado apenas nos bastidores, mas nunca debatido com a franqueza necessária. Mas o fato é que enquanto André e Mitidieri focam no jogo eleitoral, permitem que terceiros cavem buracos em suas próprias trincheiras.
Com as eleições de 2026 se aproximando, o momento exige reflexão. Se desejam manter sua influência, Mitidieri e André Moura precisam estar atentos e procurar exercer suas respectivas lideranças sabendo ouvir mais, porque o jogo político é traiçoeiro, e deixar as articulações nas mãos erradas pode custar caro.
Por Thiago Reis