Em meio aos coqueirais e à brisa quente de Sergipe, a política local parece dançar ao som de uma melodia peculiar, onde conchavos se tornam a coreografia dominante. Surpreendentemente, mesmo em um estado de dimensões modestas, as artimanhas políticas são grandiosas, fazendo-me questionar se estou testemunhando um espetáculo de teatro ou um drama real.
Nos bastidores dessa peça política, acordos são celebrados como um jogo de cartas marcadas, trocados por favores que transformam a política em um tabuleiro onde a ética é apenas uma peça descartável. Silêncios, como promissórias sem prazo de validade, são negociados estrategicamente, garantindo a impunidade de figuras públicas conhecidas por suas práticas inescrupulosas. Parece que a moralidade tornou-se moeda de troca, e o preço da integridade é mais flexível do que se imagina.
Nesse cenário, as “capas pretas” da legalidade não oferecem o tão conhecido Habeas Corpus Preventivo. Pelo contrário, tornam-se testemunhas silenciosas de um enredo em que a justiça muitas vezes é seletiva, cega apenas para alguns e contemplativa para outros. A ironia reside na própria essência do sistema que deveria ser o guardião da equidade.
Enquanto observo essa dança intricada entre poder e impunidade, não posso deixar de me impressionar com a habilidade dos protagonistas políticos locais em manterem as cortinas fechadas sobre seus verdadeiros intentos. Sergipe, com sua beleza natural contrastando com os jogos de interesses, emerge como um palco onde a política se desdobra como uma peça teatral surpreendente, mas muitas vezes decepcionante.
Resta a esperança de que, em meio a esse enredo sombrio, surja uma nova narrativa, uma que valorize a transparência, a ética e o compromisso com o bem comum. Até lá, continuo a me surpreender, não apenas pela política em si, mas pela capacidade humana de transformar a governança em um espetáculo tão desconcertante.